O ex-oficial do Pentágono Luis Elizondo, que chefiava o Programa de Identificação de Ameaças Aeroespaciais Avançadas (AATIP) dos Estados Unidos, explicou em entrevista à CNN por que o Brasil silenciou as investigações sobre os casos de objetos voadores não identificados (Ovnis) registrados em Colares, no Pará.
Em seu livro “Iminente — Os bastidores da caçada do Pentágono a óvnis”, o norte-americano discorre sobre a Operação Prato, conduzida pela Força Aérea Brasileira (FAB) na década de 1970, durante a ditadura militar. As missões aconteceram entre 1977 e 1978 na ilha localizada no arquipélago do Marajó e tinham como objetivo investigar luzes voadoras misteriosas, aparições de Ovnis e supostos ataques de raios à população local.
As missões foram encerradas pelas Forças Armadas sem que fossem tomadas grandes conclusões sobre o caso, que ficou conhecido como “chupa-chupa”. Na época, muitas vítimas relataram os efeitos biológicos do contato com os Ovnis e tentativas de comunicação dos supostos seres.
À CNN, Elizondo explicou porque as missões brasileiras não ganharam corpo e, em vez de se tornaram um grande programa de investigação de tecnologia alienígenas, foram sufocadas pelo Governo Federal. Segundo o ex-oficial do Pentágono, no contexto da Guerra Fria, era possível acreditar que os Ovnis fossem, na verdade, uma tecnologia não conhecida dos norte-americanos ou um ataque comunista empenhado pelos soviéticos.
“O Brasil tem uma razão muito prática para manter esse tópico em silêncio por tanto tempo”, declarou o norte-americano. “Talvez uma dessas tecnologias fosse uma tecnologia secreta americana acidentada ou uma tecnologia secreta russa acidentada. O Brasil também quer ser muito cuidadoso para não comprometer ou prejudicar as relações que mantém com outros países.”
“Agora que outros países estão se manifestando [sobre seus estudos acerca de Ovnis] — como a Rússia, os Estados Unidos, a China — e admitindo que isso é real, acho que tornará muito mais fácil no futuro para o Brasil ter essa conversa, mesmo entre seus próprios cidadãos”, afirmou Elizondo.
Os casos de Colares foram documentados inclusive pela série Investigação Alienígena, disponível na Netflix, e pelo podcast Operação Prato, do Globoplay.
“Iminente — Os bastidores da caçada do Pentágono a óvnis” é um livro que retrata a jornada de Luis Elizondo no comando do AATIP do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Publicado no Brasil pela editora Harper Collins e lançado em abril, ele traz detalhes sobre os estudos conduzidos pela equipe de Elizondo e seus esforços para dar visibilidade ao tema, que ainda enfrentava fortes pressões motivadas pela religião e pelas empresas norte-americanas do setor aeroespacial.
Graças às discussões iniciadas pelo autor, que esteve por trás da série “Óvnis: Investigação Secreta, do History Channel”, o Congresso dos Estados Unidos hoje está ciente dos programas do Pentágono que investigam Ovnis e, inclusive, separa uma parte do orçamento do Departamento de Defesa do país para esse assunto.