A previsão, feita pela JOB Economia e Planejamento, reflete a continuidade do papel estratégico do Brasil no mercado global de açúcar, com grande influência sobre os preços internacionais do produto.
A estimativa da JOB Economia é de que o Brasil exporte 35,1 milhões de toneladas de açúcar em 2025/26, volume praticamente igual ao da safra anterior, que registrou 35,4 milhões de toneladas. Esse montante representa mais de 50% das exportações globais de açúcar, consolidando a posição do país como líder no comércio internacional.
Segundo Julio Maria Borges, sócio-diretor da JOB, o Brasil continua a ser determinante na formação de preços nos mercados internacionais: “Os preços do açúcar no mercado externo ainda dependem significativamente do desempenho do Brasil, seja por questões logísticas ou climáticas”, afirmou.
A produção de açúcar no Brasil deverá crescer 5% em relação à safra anterior, totalizando 46 milhões de toneladas, próximo ao recorde de 46,1 milhões de toneladas de 2023/24. O aumento na produção será impulsionado por um maior direcionamento de cana para a produção de açúcar, que representará mais de 51% do total processado.
Mesmo com uma redução de 1,45% na previsão de moagem de cana, que deve somar 673 milhões de toneladas, as usinas brasileiras devem priorizar o açúcar, pois ele oferece maior rentabilidade comparado ao etanol.
A produtividade da cana no Brasil foi afetada por condições climáticas desfavoráveis, com chuvas 6,5% abaixo da média entre abril de 2024 e março de 2025. Além disso, os incêndios nos canaviais no ano passado comprometeram o potencial produtivo. No entanto, especialistas da JOB acreditam que o clima não deve representar um grande desafio para a safra 2025/26, a não ser que ocorram mudanças inesperadas no quadro climático.
A produção total de etanol no Brasil deve registrar uma queda de 0,9% em 2025/26, alcançando 36,9 bilhões de litros. A produção de etanol de milho, que deve crescer em 1,8 bilhão de litros, ajudará a compensar a redução de 2,2 bilhões de litros na produção de etanol de cana.
Embora a produção de etanol sofra uma queda, a demanda se manterá estável, com os preços sustentados pela oferta restrita. A JOB estima que a demanda por etanol combustível será de 35,8 bilhões de litros, o que reforça a tendência de preços mais elevados, a não ser que haja uma queda nos preços do petróleo e da gasolina.
Após cinco safras de preços elevados e margens de lucro substanciais, a JOB projeta que a safra 2025/26 será mais equilibrada, com receitas e custos mais alinhados. Segundo Borges, o mercado de commodities entrou em um ciclo de normalização de preços após os choques da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia, o que impactou negativamente as cadeias globais de suprimentos.
Com a normalização da oferta global de commodities e a queda nos preços, o açúcar segue o ritmo de recuperação dos demais produtos, embora a falta de chuva em países produtores ainda mantenha desafios para o setor.
A JOB também avalia que, mesmo com esses desafios, o Brasil continuará desempenhando papel fundamental na determinação dos preços do açúcar no mercado global, consolidando sua posição de liderança nas exportações e impactando diretamente os rumos do comércio internacional.