13/05/2025 - 14:02
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Aumento do nível do mar pode afetar cidades costeiras, dizem especialistas

O Brasil está se preparando para sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para acontecer em novembro de 2025, na cidade de Belém, no Pará. Um dos temas abordados durante o evento será o impacto do aumento do nível do mar no planeta.

Com o avanço das mudanças climáticas ao longo dos anos, os oceanos têm se tornado um dos principais temas de debate entre organizações que buscam entender o futuro climático da Terra.

Inclusive, esse tema envolve todo o ecossistema de alterações climáticas que influencia o planeta. Por exemplo, o aumento das temperaturas globais contribui para o aquecimento dos oceanos, que consequentemente provoca a elevação do nível do mar.

Em entrevista à CNN, Eduardo Siegle, vice-diretor do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP), explica que há duas principais causas para o aumento do nível do mar: a expansão térmica da água e o derretimento das geleiras. Ele destaca que as atuais observações apontam que o nível do mar subiu mais de 20 cm no último século.

“Desde as primeiras projeções, o nível do mar observado tem alcançado ou até superado os piores cenários de projeções. Ou seja, as piores projeções têm se confirmado até o momento. Para 2050, quando comparado com 2000, o nível do mar deve subir entre 15 e 35 cm globalmente. Em regiões específicas, em que processos de subsidência estão presentes, esses valores podem ser até 30% maiores”, pontua.

Qualquer região costeira de baixa altitude, no Brasil ou em outras partes do mundo, será impactada pelo aumento do nível do mar.

Como consequência, o professor Siegle afirma que muitas dessas áreas enfrentarão processos de erosão provocados pela água e o desaparecimento de ambientes costeiros, como praias.

Atualmente, cidades brasileiras como Recife já enfrentam inundações causadas pela maré. Porém, especialistas alertam que essas inundações costeiras tendem a se tornar mais frequentes com o aumento do nível do mar. 

Além disso, a invasão da água salgada nas áreas costeiras pode comprometer as reservas de água doce do lençol freático e alterar as características do solo.

César Barbedo Rocha, professor do Departamento de Oceanografia Física do Instituto Oceanográfico da USP, diz que as avenidas, portos, sistemas de drenagem e toda a infraestrutura costeira foram projetados com base no nível do mar de décadas passadas. Ou seja, a erosão causada pela elevação da água pode afetar essa infraestrutura.

“Importante destacar que o oceano absorveu cerca de 90% do calor extra gerado pelo aquecimento global nas últimas décadas. Isso tem ajudado a limitar o aumento da temperatura na superfície terrestre, mas também aumenta o nível do mar e altera os padrões de circulação oceânica”, disse Rocha à CNN.

A ciência monitora as mudanças no nível do mar por meio de diferentes tecnologias que se complementam. Segundo Siegle, os marégrafos são um dos métodos mais comuns. Instalados em áreas costeiras, esses equipamentos registram o comportamento das marés, permitindo identificar variações locais no nível do mar ao longo do tempo.

Desde o início da década de 1990, satélites também passaram a monitorar o nível do mar em escala global com alta precisão para fornecer dados consistentes sobre a elevação dos oceanos. Há também as estações de GPS, que podem fornecer informações para corrigir variações.

Rocha acrescenta que o aquecimento dos oceanos é monitorado por meio de sensores instalados em navios e em boias autônomas. Com a combinação desses dados, é possível observar que o nível médio global do mar subiu cerca de 10 centímetros nos últimos 30 anos — uma tendência que deve continuar crescendo.

Em uma análise divulgada pela agência espacial norte-americana (Nasa), cientistas identificaram uma taxa de aumento de 0,59 centímetros no nível do mar em 2024. Modelos anteriores previam um aumento de 0,43 centímetros, o que confirma que essa elevação está ocorrendo mais rapidamente do que se esperava.

Segundo Osvaldo Girão, professor da pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife está em uma posição geográfica favorável à ocorrência de inundações. Por isso, é uma das regiões brasileiras mais vulneráveis às mudanças climáticas, especialmente ao aumento do nível do mar.

“Ao considerar a elevação do nível do mar, a cidade do Recife será suscetível à elevação que, inicialmente, ameaçaria áreas costeiras do centro e dos bairros de Brasília Teimosa, Pina e Boa Viagem, ameaçados por aumento da intensidade e recorrência de inundações fluviais, costeiras, e da erosão costeira”, disse.

Girão também afirma que regiões densamente povoadas do Sul, como o centro de Florianópolis, já vêm enfrentando esses efeitos com mais frequência e intensidade.

Um exemplo recente foi a inundação registrada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em maio de 2024, causada pelo grande volume de chuva e agravada por marés meteorológicas e ventos litorâneos.

O professor César Rocha destaca que, no Sul do Brasil, especialmente em Santa Catarina, eventos naturais extremos também agravam os casos de alagamentos e inundações.

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