12/05/2025 - 09:14
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Mães da Geração Z repensam a criação dos filhos com foco no respeito

A maternidade já faz parte da realidade da geração Z — formada por pessoas nascidas entre 1997 e 2012. Com ela, surgem novas formas de criar e se conectar com os filhos.

Neste Dia das Mães, o Metrópoles conversou com influenciadoras digitais que dividem nas redes a rotina com os pequenos, repensam modelos antigos de criação e mostram que acolher, ouvir e respeitar as crianças está no centro da parentalidade dessa nova geração. Elas também falam sobre os limites da exposição dos filhos e como lidar com o universo digital na maternidade.

Hendyohara, mãe solo com 4,8 milhões de seguidores no Instagram, divide seu cotidiano com o filho e acredita que o respeito é fundamental para um bom relacionamento com a criança. “Crianças não são objetos. São seres humanos que tem sonhos, desejos e merecem respeito”, diz.

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Hendyohara com o filho

Eliziane com a filha
Hendyohara com o filho
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Isabelle Abreu com a filha

Divulgação

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Hendyohara com o filho

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Eliziane com a filha

Reprodução

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Hendyohara com o filho

Débora Tiana

 

Tempo de qualidade

A influenciadora de 24 anos acredita que a criação entregue para o filho é diferente da que recebeu dos pais, que eram mais punitivos e menos atenciosos.

“Eu prefiro focar nas necessidades reais do meu filho. Escuto e permaneço muito tempo com ele. Tento não julgar e busco entender as atitudes dele”, explica Hendyohara.

Com 3,9 milhões de seguidores no Instagram, a mãe e influenciadora Isabelle Abreu, conhecida como xsbel, compartilha a mesma opinião. “Busco validar qualquer sentimento da minha filha e acolher ela. Acredito que a criança tem que ser escutada desde pequena.”

A psicóloga especializada em crianças e adolescentes, Claudia Melo, acredita que o carinho e o cuidado das mães da geração Z com seus filhos refletem as experiências dessa geração.

“Essa geração carrega um olhar mais sensível sobre a saúde mental, busca mais informação, têm menos medo de pedir ajuda. Mas também carrega cicatrizes: a sensação de não ter sido ouvida, o medo de falhar, a cobrança silenciosa de ser perfeita… E tudo isso, sim, influencia na forma de criar. Mas há potência nisso: porque reconhecer as próprias feridas é o primeiro passo para não repeti-las.”

Maternidade nas redes sociais

Aos 27 anos, Isabelle compartilha momentos diários em família com a filha e acredita que a iniciativa é positiva por criar uma rede afetiva virtual.

“A maternidade é muita solitária e, conversando com outras mães, percebi que aqueles medos que eu sentia não eram só meus. Vi nisso uma forma de também poder ajudar mães que tinham medos. No final das contas, tudo que a gente precisa é ser escutada. Com essa rede de apoio virtual, percebi que estamos todas no mesmo barco tentando ser boas mães, sem que possamos ser deixadas de lado”, explicou.

A influenciadora e mãe Eliziane Berberian, por sua vez, conta com 1,1 milhão de seguidores. No caso dela, as redes sociais são utilizadas para receber dicas e conselhos sobre a maternidade.

“Não falo diretamente sobre o meu maternar nas redes sociais, mas aprendo bastante com muitas mães que eu sigo. Gosto de conteúdos sobre maternidade sem culpa, e dicas sobre o que fazer com os filhos. Acho positivo”, revela.

Exposição dos filhos

Diferentemente de outras influenciadoras, Eliziane optou por não expor a filha diariamente. “O meu conteúdo gira em torno da minha vida, então o tópico maternidade aparece em coisas avulsas, mas não é um foco principal. É um ponto tangencial na minha existência nas redes sociais”, conta.

Ela explica que a exposição é algo individual e depende das experiências de cada mulher. “Na minha perspectiva, expor a minha criança com constância me atravessa em muitos sentidos. Ela é um indivíduo diferente de mim e cabe a ela, quando tiver discernimento, saber se quer a exposição, as redes sociais. Faço raras exposições da minha filha.”

Eliziane Barberian, influenciadora

Já para Hendyohara, a exposição acaba sendo inevitável. “Meu conteúdo gira em torno da minha rotina e da minha vida”, pontua. Sendo assim, ela busca enriquecer o conhecimento e melhorar o conteúdo sobre a maternidade nas redes sociais.

Apesar disso, a influenciadora afirma que o medo da exposição é inevitável. “Não sabemos como as coisas vão ser expostas ou deturpadas, ainda mais agora com a inteligência artificial. Por isso, acredito em critério, propósito e limite. Toda criança que se torna figura pública precisa estar muito bem assessorada pelos pais. Tudo precisa ser consciente, explicado e, se possível, consentido.”

Isabelle Abreu compartilha sua experiência pessoal, pontuando a importância de ter responsabilidade com os conteúdos produzidos com as crianças.

“Tomo o cuidado de nunca expor minha filha a situações que são vulneráveis. Como criadora de conteúdo, penso que preciso ter compromisso para mostrar a maternidade na internet de forma responsável, e acredito que nós adultos temos que estar sempre vigilantes para que as crianças e jovens não sejam expostos a áreas que ultrapassem a infância e juventude”, acredita.

A psicóloga Claudia Melo também traz uma visão sobre o ponto de vista da exposição das crianças. “A exposição infantil sem limites pode ser uma ferida silenciosa, visto que a criança pode se tornar um personagem antes mesmo de descobrir quem é. A internet pode ser uma ferramenta, mas jamais deve ocupar o lugar da escuta real, do toque, do chão e da presença. A criança precisa ser vista com olhos de afeto, não com filtros.”

Controle de telas

Um dos assuntos mais abordados do momento, o controle de telas é uma preocupação constante das mamães Isabelle, Eliziane e Hendyohara. A psicóloga especialista em crianças e adolescentes explica o que pode ser feito para adaptar a relação da melhor forma.

“Vivemos um tempo em que a infância também foi digitalizada. E diante disso, as mães da geração Z tentam equilibrar o invisível: proteger sem sufocar, permitir sem perder o controle. A chave está no vínculo, não no vigilante”, inicia.

Em seguida, Claudia Melo continua: “O que protege uma criança não é apenas a ausência de exposição, mas a presença atenta de um adulto que dialoga, orienta e ensina a usar o mundo digital com consciência”.

“Mais do que proibir, é preciso acompanhar, estar ao lado, explicar, ensinar a fazer escolhas e, principalmente, lembrar que infância é tempo de brincar com o corpo inteiro, não apenas com os dedos em uma tela”, finaliza.

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