03/05/2025 - 16:08
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Análise: Cardeais enfrentam encruzilhada para eleição do próximo papa

O pontificado do Papa Francisco abalou profundamente a Igreja Católica. Seu papado de 12 anos, com foco em uma “Igreja pobre para os pobres”, conclamou o catolicismo a deixar sua zona de conforto e se estabelecer entre as comunidades mais pobres.

Francisco abriu discussões sobre temas antes considerados inaceitáveis, como o papel das mulheres. Ele acolheu católicos LGBTQIA+ como “filhos de Deus” e abriu a porta para que divorciados que casaram novamente ​​recebessem a comunhão.

Ele também atraiu atenção com suas fortes críticas à injustiça econômica e apelos à proteção do meio ambiente.

Ao longo de seu pontificado, no entanto, Francisco enfrentou forte resistência de pequenos, porém barulhentos, grupos católicos conservadores, além de certa indiferença e resistência silenciosa por parte de bispos.

Agora, enquanto 133 cardeais eleitores se preparam para o conclave, o processo a portas fechadas para eleger o sucessor de Francisco, eles enfrentam uma escolha difícil: dar continuidade às reformas e à visão do falecido papa ou desacelerar e iniciar uma alteração de rumo.

A CNN conversou com vários cardeais e outras fontes da Igreja para este artigo. Embora alguns cardeais prefiram uma opção mais “segura”, focada na unidade, um que trabalhou em estreita colaboração com Francisco disse que tal escolha seria o “beijo da morte” para a Igreja.

Aqueles que entrarão na Capela Sistina na quarta-feira para iniciar o processo de eleição de um novo papa não podem deixar de notar a demonstração de afeto por Francisco após sua morte.

Quando o Cardeal Giovanni Battista Re, decano (integrante mais velho) do Colégio Cardinalício, falou calorosamente sobre a visão de Francisco para a Igreja durante a homilia no funeral de Francisco, a multidão reunida na Praça de São Pedro aplaudiu repetidamente.

E em Timor-Leste, que Francisco visitou em 2024, cerca de 300 mil pessoas compareceram à missa pelo falecido papa no mesmo dia do funeral. Tudo isso levou um cardeal aposentado a pedir aos seus confrades que tomassem nota.

“O povo de Deus já votou nos funerais e pediu continuidade com Francisco”, avaliou o cardeal Walter Kasper, de 92 anos, conselheiro teológico de Francisco, ao jornal italiano La Repubblica.

Os apoiadores de Francisco dizem que somente um papa disposto a continuar o que o Francisco iniciou conseguirá dar continuidade a isso.

Mas a política de um processo eleitoral papal é sutil. Qualquer pessoa que faça campanha abertamente para ser papa se desqualifica imediatamente, e os cardeais devem votar de acordo com o que eles entendem ser a vontade de Deus.

Ainda assim, isso não significa simplesmente sentar em seus aposentos e rezar por inspiração divina sobre como votar.

Todas as manhãs, durante o período pré-conclave, os cardeais se reúnem na sala do Sínodo Paulo VI para “congregações gerais”.

Depois, à noite, eles frequentemente continuam as discussões enquanto comem um prato de macarrão e tomam uma taça de vinho, sendo que vários foram vistos comendo em trattorias no Borgo Pio, um bairro com ares de vilarejo perto do Vaticano.

Uma linha de fratura já está surgindo. Alguns cardeais querem que o próximo papa siga firmemente os passos de Francisco e se concentre na “diversidade” da Igreja universal, cujo eixo se afastou da Europa e do Ocidente.

Outros pedem que o próximo papa enfatize a “unidade” – código para uma abordagem mais previsível e constante.

Austen Ivereigh, biógrafo papal e comentarista católico, coloca as duas posições desta forma.

“A primeira [vertente, de diversidade] vê Francisco como o primeiro papa de uma nova era na Igreja, mostrando-nos como evangelizar hoje e como unir nossas diferenças de forma frutífera”, explicou.

“A segunda [vertente, de unidade] vê a era Francisco como uma ruptura, uma interrupção, que agora precisa ser contida por um retorno a uma maior uniformidade”, adicionou.

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