Nesta quinta-feira (24), Rússia e Ucrânia trocaram novas acusações sobre a indefinição nas negociações de paz. Moscou acusa Volodymyr Zelensky de bloquear a diplomacia, enquanto Kiev afirma que Vladimir Putin quer que a guerra continue.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que deixará de tentar negociar um acordo para acabar com a guerra entre os dois países eles não fizerem um acordo em breve.
O controle da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, surgiu como um dos principais pontos de atrito entre Rússia e Ucrânia, e Zelensky irritou Trump ao reiterar na terça-feira (22) que não reconheceria a península como parte da Rússia.
Trump escreveu nas redes sociais na quarta-feira (23) que a Crimeia foi perdida há anos “e nem sequer é um ponto de discussão”.
Questionado sobre essa observação, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou em uma breve coletiva de imprensa nesta quinta-feira (24) em Moscou que a posição de Trump “corresponde completamente ao nosso entendimento e ao que temos dito há muito tempo”.
Peskov também destacou que a Rússia continua trabalhando com os norte-americanos para chegar a um acordo de paz que garanta que os interesses de Moscou sejam levados em consideração.
Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, argumentou em uma reunião separada que está ficando mais claro que Zelensky não tem capacidade de negociar um acordo para acabar com a guerra.
Ela o acusou de inviabilizar as negociações sobre a Ucrânia em Londres, envolvendo autoridades americanas, ucranianas e europeias, e disse que o líder ucraniano estava claramente pronto para “destruir o processo de paz emergente a qualquer custo”.
“Ontem, Zelensky se recusou categoricamente a fazer quaisquer concessões, e expressou de forma demonstrativa seu desejo de negociar apenas um cessar-fogo — e mesmo assim em seus próprios termos”, completou Zakharova.
A Ucrânia afirma que quer uma paz justa e que a Rússia está arrastando as negociações e tentando ganhar tempo para conquistar mais terras ucranianas, além do território que já possui na Crimeia e em quatro regiões do leste do país.
As autoridades ucranianas intensificaram suas críticas após um ataque russo com mísseis e drones durante a noite em Kiev, que matou pelo menos oito pessoas.
“As exigências maximalistas russas de ontem para que a Ucrânia se retire de suas regiões, combinadas com esses ataques brutais, mostram que a Rússia, e não a Ucrânia, é o obstáculo à paz”, escreveu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Syhiba, no X.
“Putin demonstra por meio de suas ações, e não de palavras, que ele não respeita nenhum esforço de paz e só quer continuar a guerra”, afirmou Syhiba.
