24/04/2025 - 02:10
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Trono mais poderoso da história: Quem foram os papas que mandavam no mundo?

Durante séculos, o papa não era apenas o líder espiritual dos católicos. Era o árbitro do mundo cristão, o rei dos reis. Excomungava imperadores, convocava cruzadas, criava reinos e fazia reis ajoelharem-se na neve.

O papa é uma figura moral respeitada, uma referência espiritual global. Mas houve um tempo – e durou séculos – em que o papa era mais do que isso.

Era a autoridade suprema da Europa, com poder sobre impérios, tronos e guerras. Na Idade Média, sobretudo entre os séculos XI e XIII, o papa era mais temido que qualquer rei. Era o árbitro da política europeia, o juiz das coroas e o comandante de exércitos movidos pela fé.

Com um simples gesto – uma coroa, uma excomunhão – podia levantar reinos ou afundá-los na escuridão.

Na manhã de 25 de dezembro do ano 800, o mundo assistiu a um gesto simbólico importante. De acordo com a enciclopédia Britannica, na Basílica de São Pedro, o papa Leão III colocou a coroa na cabeça de Carlos Magno e proclamou-o “Imperador dos Romanos”, estabelecendo um novo império cristão no Ocidente.

Com este ato, Leão III mostrou que a Igreja tinha o poder de legitimar o trono imperial: ninguém poderia ser imperador sem a bênção papal. O papa tornava-se a única autoridade com poder para “ungir” imperadores, um gesto que marcaria a política europeia durante séculos.

Henrique IV, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, enfrentava o papa Gregório VII numa disputa sobre quem podia nomear bispos – a famosa Querela das Investiduras. Segundo a enciclopédia Britannica, o imperador se recusou a obedecer ao papa, e Gregório VII o excomungou.

O imperador, isolado, desesperado por manter o trono, foi obrigado a se submeter: Henrique IV esperou três dias, ajoelhado e descalço na neve, diante do castelo do papa, até ser finalmente recebido e ver a sua excomunhão levantada.

Três dias à porta do castelo, como um penitente. Três dias de humilhação para o imperador mais poderoso da Europa. A mensagem era clara: o papa estava acima do imperador.

Este episódio tornou-se um símbolo de submissão e humilhação, e a expressão “ir a Canossa” – região italiana onde ficava o castelo – é usada para descrever situações em que alguém cede face à pressão, mesmo que isso signifique renunciar aos seus princípios ou sofrer algum tipo de humilhação.

No final do século XI, o Império Bizantino (cristão ortodoxo, com capital em Constantinopla) viu o seu território, a Terra Santa, ameaçada pelos turcos seljúcidas (muçulmanos) e pediu ajuda militar ao Ocidente.

No entanto, o papa Urbano II, ao receber o pedido, decidiu contribuir com muito mais do que ajuda militar. Convocou o Concílio de Clermont, na França, onde fez um discurso pedindo aos cavaleiros cristãos para libertarem Jerusalém e os lugares sagrados da dominação muçulmana, protegerem os peregrinos cristãos e lutarem pela fé – com a promessa de indulgência plenária (o perdão total dos pecados) a quem fosse lutar.

O discurso, que terminou com um grito que ecoou durante séculos – “Deus vult!” (Deus o quer!) – fez com que milhares de nobres, reis, cavaleiros e até camponeses largassem tudo. Por que? Porque o papa pediu. Começava ali a Primeira Cruzada e, em 1099, Jerusalém era conquistada com um banho de sangue.

Este evento mostrou que o papa não só tinha autoridade espiritual, tinha também influência política e militar. Urbano II estabeleceu o modelo de cruzada como “guerra santa” cristã ao convocar uma guerra com impacto mundial e ao conseguir unir reinos rivais num só exército contra um “inimigo comum”.

Portugal foi fundado em 1143, mas a verdadeira certidão de nascimento chegou em 1179, com o manifesto “Manifestis Probatum”, emitida pelo papa Alexandre III. Dom Afonso Henriques passava a ser rei e Portugal deixava de ser um vassalo do Reino de Leão ou de Castela.

Algo que, inclusive, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou na mensagem que dirigiu ao país após a notícia da morte do Papa: “Francisco (… ) não era um qualquer chefe de Estado amigo de Portugal. Era o chefe de Estado sucessor da primeira entidade universal a reconhecer a nossa independência, em 1179, há quase oito séculos e meio”.

O reconhecimento papal significava prestígio, legitimidade internacional e um lugar entre os reinos cristãos aliados da Igreja. Naquela época, ser reconhecido pelo papa era como ter a bênção de Deus. Dom Afonso Henriques tornava-se um rei legítimo, escolhido e aprovado por Deus.

O rei João de Inglaterra entrou em conflito com a Igreja por causa da nomeação do arcebispo de Cantuária. O rei enfureceu o papa de tal forma que Inocêncio III o excomungou e declarou o reino “interdito”: sem missas, casamentos ou sacramentos.

Perante a indignação do povo e dos nobres, João se submeteu e entregou o reino à Igreja como feudo, comprometendo-se a pagar um tributo anual à Santa Sé. O papa tornou-se “dono” do Reino de Inglaterra e o rei um simples vassalo do papa.

Ao longo do seu papado, Inocêncio III consolidou o modelo teocrático medieval: um mundo onde o papa era o centro do poder. Exercia poder espiritual, político e militar e era respeitado (e temido) por reis, imperadores e povos inteiros.

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