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Do Cine Brasília ao Conic: passado e presente da cultura brasiliense

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Letícia Perdigão

21/04/2025 2:00

Brasília pulsa muito além dos traços modernistas e das fotos de cartão-postal. Ela se revela nas praças cheias, nas feiras populares, nas calçadas que viram palcos e nos becos que ecoam sons de resistência, espaços em que a cultura se reinventa a cada geração.

A capital do país completa 65 anos nesta segunda-feira (21/4), e celebrar sua história é revisitar espaços culturais que abrigam encontros, performances e lutas.

Para o publicitário e pesquisador João Amador, Brasília é um reflexo da memória coletiva dos pioneiros e de quem escolheu a capital da República como casa nas últimas décadas. “Por ser uma cidade jovem, a cultura é inevitavelmente reflexo dessa memória ainda muito presente”, afirma.

A efervescência cultural, segundo Amador, não foi fruto de um projeto pré-definido. “Ao contrário do urbanismo e da arquitetura, a cultura de Brasília foi seguindo diferentes direções”, explica. Ele lembra que a explosão do Rock Brasília nos anos 1980, por exemplo, só aconteceu graças ao encontro de filhos de diplomatas, militares e pessoas de diversas partes do país e do mundo, que trouxeram múltiplas referências e as transformaram em algo genuinamente brasiliense.

O produtor cultural e diretor teatral Guilherme Reis reforça a importância de manter espaços históricos e icônicos da cidade para fomentar os hábitos culturais da população e o ambiente criativo local. “É fundamental recuperar o Teatro Nacional em sua totalidade, com uma gestão eficiente. Não é possível que Brasília não consiga manter um teatro público de qualidade, como acontece em todas as grandes capitais do mundo”, pontua Reis.

Ele acrescenta a necessidade de criar novos equipamentos culturais, principalmente fora do Plano Piloto, para que a arte esteja presente em todas as regiões administrativas.

Nesta reportagem, percorremos cenários importantes para a cultura de Brasília, em uma viagem visual que revela como a cidade vem se reinventando e se transformando desde a inauguração.

Cine Brasília

Inaugurado em 1960, o Cine Brasília é mais do que uma sala de cinema — é um verdadeiro templo do audiovisual. Casa do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o mais longevo do país, o espaço se consolidou como símbolo de resistência cultural.

A cada edição do festival, o tapete vermelho se estende para celebrar e debater cinema, reafirmando o espaço como ponto de encontro entre criadores e público e valorizando a produção nacional.

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Em 2024, a sala principal ganhou novo nome: Sala de Cinema Vladimir Carvalho, em homenagem ao cineasta cuja trajetória se confunde com a própria história cultural da cidade.

Vladimir, que morreu em outubro do ano passado, eternizou Brasília em suas obras, dando voz aos trabalhadores que ajudaram a construir a capital. O documentarista também era figura constante no Cine Brasília, tanto nas exibições quanto nos encontros.

Para além dos dias de festival, o Cine Brasília segue importante no cotidiano da capital. Com exibições acessíveis, o espaço continua aproximando os brasilienses do audiovisual nacional e fortalecendo o vínculo da cidade com sua identidade cultural.

Casa do Cantador

Símbolo da cultura nordestina em Brasília, a Casa do Cantador, em Ceilândia, é conhecida como Palácio da Poesia Popular.

Projetado por Oscar Niemeyer, o espaço é uma ode ao Nordeste e abriga com orgulho as raízes da cultura que resiste em versos, ritmos e sotaques.

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É ali que repentistas, cordelistas e mestres da cultura popular encontram palco para manter vivas suas tradições, passando de geração em geração a arte de contar histórias com rima e crítica social.

Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Xangai, Dona Lia de Itamaracá, Irmãs Galvão, Zé Mulato e Cassiano, Zeca Baleiro — nomes consagrados da música popular brasileira — já cantaram ali.

Atualmente, o espaço abriga jovens poetas do DF e grupos culturais que se reúnem para celebrar suas origens.

Cine Drive-in

Inaugurado em 1973, o Cine Drive-in de Brasília é o último do tipo em funcionamento no Brasil e um dos poucos remanescentes na América Latina. Sob o céu da capital, famílias e casais estacionam seus carros diante da tela gigante para viver a nostalgia do cinema a céu aberto.

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Durante a pandemia, o espaço ganhou novo fôlego. Com cinemas fechados e distanciamento obrigatório, a segurança de assistir aos filmes dentro dos carros trouxe o público de volta. As sessões lotadas mostraram que o Drive-in era mais do que uma lembrança do passado — é também uma solução para o presente.

Atualmente, mesmo com a reabertura das salas convencionais, o Cine Drive-in segue firme. Mais do que um espaço de exibição, tornou-se um marco da memória afetiva de Brasília, onde diferentes gerações se reúnem para viver a experiência de ver cinema sob as estrelas.

Igrejinha Nossa Senhora de Fátima

A Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, desenhada por Oscar Niemeyer, é muito mais do que o primeiro templo católico da cidade. A combinação entre arquitetura e arte transformou o espaço em um símbolo da cultura brasiliense.

Ao convidar Alfredo Volpi para decorar o interior da igreja, Niemeyer tentou unir o modernismo arquitetônico com a tradição popular das pinturas em murais. As bandeirinhas de Volpi e as figuras sacras conectavam o religioso à simplicidade das festas brasileiras.

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Porém, a recepção da comunidade católica ao trabalho do artista revelou as tensões entre inovação estética e expectativas religiosas.

O apagamento dos afrescos, poucos anos após sua realização, não apenas eliminou fisicamente uma das contribuições mais emblemáticas do pintor, como também abriu um debate sobre o valor da arte moderna em espaços sagrados.

O ataque virou um capítulo intrigante da história da cidade, lembrando que Brasília sempre foi palco de embates entre tradição e vanguarda. Em meio a esse cenário, o painel de azulejos de Athos Bulcão, que adorna a fachada da Igrejinha desde 1959, se tornou um símbolo da cidade e consolidou os desenhos do artista como um dos pilares visuais de Brasília.

Teatro Nacional

Considerado um dos maiores complexos culturais do Brasil, o Teatro Nacional Claudio Santoro foi inaugurado em 1966 e fechado em janeiro de 2014 por recomendação do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público. O teatro foi reinaugurado parcialmente em dezembro de 2024.

A restauração teve investimento inicial de R$ 70 milhões e começou com a reforma da Sala Martins Pena.

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Entre os grandes artistas que já se apresentaram no Teatro Nacional Claudio Santoro, destacam-se Mercedes Sosa, Astor Piazzola, João Gilberto, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Os palcos também já receberam Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Dulcina de Moraes, Glauce Rocha e Ziembinski, bem como os balés russos Bolshoi e Kirov, o balé da Ópera de Paris, o balé Stagium e o Grupo Corpo.

Cláudio Cohen, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, reafirma a importância da reabertura. “O Teatro Nacional representa a manutenção e o desenvolvimento da nossa identidade cultural. Sua reabertura é de extrema importância não só para Brasília, mas para o Brasil, como porta de entrada para artistas nacionais e internacionais”, frisa.

Espaço Cultural Renato Russo

O Espaço Cultural Renato Russo é um dos pontos mais emblemáticos da cena artística de Brasília. Localizado na 508 Sul, carrega o nome do icônico músico da Legião Urbana e sempre foi um endereço importante para a produção cultural da cidade.

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Após anos fechado por falta de manutenção, o centro reabriu em 2018, renovado e pronto para retomar seu papel como palco de encontros, debates e manifestações artísticas no DF.

Museu Histórico e Artístico de Planaltina

O Museu Histórico e Artístico de Planaltina guarda algumas das memórias mais antigas do Distrito Federal. Instalado em um casarão do século XIX, ele preserva objetos, documentos e relatos que ajudam a contar a história da região antes mesmo da construção de Brasília.

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Durante anos, o museu ficou fechado por falta de recursos e manutenção. A reabertura, em 2018, foi recebida com entusiasmo pela comunidade. Desde então, o espaço voltou a integrar o circuito cultural da cidade, oferecendo exposições permanentes e visitas educativas.

Conic

O Conic ainda é um dos pontos culturais mais vibrantes de Brasília e mantém vivo seu espírito boêmio, especialmente entre os jovens da cidade. Inaugurado em 1968, com a proposta de ser um espaço de lazer e cultura, o conjunto rapidamente se transformou em um polo em que modernidade e diversidade se encontram.

Nos primeiros anos, o Conic reunia cinemas, teatros, boates, restaurantes, bares e lojas que ofereciam de tudo um pouco — um verdadeiro caldeirão de entretenimento.

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Hoje, o comércio e as igrejas dividem espaço com bares alternativos e coletivos artísticos. Mesmo com tantas transformações ao longo do tempo, o Conic segue como um dos principais redutos da cultura independente em Brasília.

Teatro Dulcina de Moraes

Mesmo com o movimento constante e a presença de coletivos culturais, o Conic também carrega histórias marcadas por resistência e desafios — e poucos lugares simbolizam isso tão bem quanto o Teatro Dulcina.

A Fundação Brasileira de Teatro (FBT), que era responsável pela administração do Teatro e da Faculdade Dulcina de Moraes, acumula dívidas trabalhistas que ultrapassam R$ 40 milhões. Sucessivas falhas na gestão impediram a organização privada de interesse público de receber recursos do governo.

Em agosto de 2023, o Ministério Público da União (MPU) declarou irregulares as prestações de contas dos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021, principalmente devido à falta de recolhimento do FGTS dos funcionários.

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Em meio à crise, o Conselho de Patrimônio do DF revalidou o tombamento do teatro projetado por Niemeyer e do acervo pessoal de Dulcina e reconheceu as ideias, os valores e os ensinamentos da artista como patrimônio imaterial da cidade.

Os objetos, tombados desde 2007, ficaram anos guardados em baús e só passaram por um levantamento detalhado em 2023. A nova administração precisa avançar na preservação do acervo do Teatro Dulcina, que está ameaçado pela falta de conservação.

Feira Central de Ceilândia

Com quase 500 bancas, a Feira de Ceilândia é um dos maiores redutos da cultura nordestina fora do Nordeste. O espaço nasceu em 1974, ainda nos primeiros anos da cidade, a partir da união de três feiras organizadas pelos próprios feirantes.

Nos primeiros anos, a estrutura era precária, e as bancas ofereciam de tudo: roupas, temperos, comidas típicas e até animais vivos. Foi apenas em 1984 que a feira ganhou a estrutura atual, oficializada pelo governo e consolidada como uma das principais atrações turísticas da região.

Palco para artistas locais, ponto de encontro de quem busca boa gastronomia e artesanato de qualidade, a Feira de Ceilândia é um dos lugares que melhor conectam o brasiliense às raízes culturais do DF.

Piscina de Ondas

A Piscina de Ondas é lembrada como um dos símbolos mais marcantes de Brasília — a “praia” do cerrado. Inaugurada em 1978, funcionou até 1997 e, por quase duas décadas, consolidou-se como um importante ponto de encontro da cidade.

Mais do que um espaço de lazer, foi palco de festivais e eventos culturais que reuniam DJs, bandas locais e atividades comunitárias, transformando o Parque da Cidade em um verdadeiro caldeirão cultural. Artistas que mais tarde se tornariam nomes consagrados, como Cássia Eller e Zélia Duncan, se apresentaram ali.

Mesmo após o fechamento, o local manteve seu apelo simbólico. Anos atrás, a estrutura vazia da piscina voltou a ser ocupada por festas e eventos independentes, tornando-se também um espaço de resistência e reapropriação cultural.

Em 2024, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou um investimento de R$ 18,2 milhões para a revitalização da Piscina de Ondas. As obras estão previstas para começar ainda no primeiro semestre de 2025.

Cine Itapuã

Fechado desde 2005, o Cine Itapuã, no Gama, padece com quase duas décadas de abandono, mas persiste na memória afetiva da comunidade. Segundo cinema mais antigo do DF, o espaço está em péssimas condições. Na Praça Cine Itapuã, onde ele está localizado, apenas o coreto resiste como palco de algumas atividades culturais.

O avanço das décadas não abala a mobilização dos moradores e artistas da cidade pelo espaço cultural. Em maio, o coletivo Cinema Olho na Rua levou projeções para a parede externa do cinema, reunindo o público em uma noite marcada pela nostalgia.

Em 2023, a proposta de reforma do Cine Itapuã foi aprovada pelo Corpo de Bombeiros. O projeto precisa agora ser licitado.

Teatro da Praça

O Teatro da Praça, inaugurado em 1996, em Taguatinga, permanece fechado desde 2019, em razão das más condições de uso. Integrado ao complexo que abriga também a Regional de Ensino e o antigo EIT (hoje Centro de Ensino Médio Técnico de Taguatinga), o espaço é patrimônio da administração local e está sob responsabilidade da Secretaria de Educação.

Existe, no entanto, um projeto de reforma que já foi desenhado e tramita na Secretaria de Governo, em parceria com a Novacap. A proposta prevê a modernização completa do teatro, com melhorias na acústica, na iluminação, na sonorização e até no mobiliário. Apesar de o projeto estar pronto, falta ainda a liberação de recursos para que as obras comecem de fato.

Enquanto isso, a cena cultural de Taguatinga resiste em outros espaços, como o Centro Cultural Taguaparque, que segue ativo e recebe parte das atividades que antes eram realizadas no Teatro da Praça.

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